APENAS ENTRE CORPOS
E os amantes se encontraram, ávidos pela pele um do outro, pelo cheiro, pelo toque, pelo beijo... Mal os corpos se aproximaram e a paixão incendiou as duas almas que ali estavam entregues ao desejo. E num impulso inocente, ela idealizou, por um segundo, que ele poderia ser o seu amante mais voraz, mais selvagem e mais delicioso que já tivera...

Por poucas horas, aqueles dois corpos se encaixaram perfeitamente numa dança voluptuosa e sensual... e se movimentavam como ondas que deságuam com força no mar... e se beijavam como dois animais famintos, sugando o alimento da boca do outro e se devorando mutuamente.



E se encaixavam de uma forma tão única, que pareciam um só corpo, uma só alma e um só coração, mas sutilmente...



E se desejavam tanto ao ponto de entrar num êxtase que explodia como fogo e, nesse momento, de gana e de gozo, os amantes queriam devorar tudo o que tocasse a sua boca...



Num instante qualquer, no meio desse mesclado perfeito de corpos, houve um momento de extrema beleza, em que eles mergulharam o seu olhar profundamente um no outro e se enxergaram em ambos... como espelho...


 
Neste ensejo, os amantes percebem o quanto estão imergidos um no outro e suas almas se contraem... e tudo se torna silêncio a meia-luz, a meia-noite, numa noite de novembro...

 
E tudo se desfalece, fica transparente e chega o medo... os dois tentam evitar o enrosco de uma paixão proibida, de uma paixão já demarcada, onde não haverá triunfos, apenas perdedores...


 
No entanto, eles se esquecem de si mesmos e de suas rédeas, entregando-se ao auge do prazer, por achar sublime o entrelaçamento dos corpos e, ao se entreolhar, dizem adeus...

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