A PRECISÃO DE SHERYL


Cada vez que vejo a Sheryl Crow penso a mesma coisa. Sabe quem é: aquela cantora americana, gosto das músicas dela. Pois a Sheryl está preocupadíssima com a natureza, o planeta e talicoisa e, por conta disso, adotou costumes radicais. Entre eles um que revelou em certa entrevista: Sheryl usa apenas uma folhinha de papel higiênico para limpar-se.

Um único daqueles quadradinhos menores do que a palma da mão do Clemer.


Essa informação acerca de Sheryl me intriga.

Como ela consegue ser tão precisa? Tão… certeira? Então, se ouço a Sheryl cantar ou se a vejo em fotos ou na TV, sempre lembro: um único quadradinho de papel higiênico, um único!!! Tudo o mais sobre Sheryl é secundário para mim, por mais que ela já tenha feito.

É o que vai acontecer com Ronaldo Nazário, a partir de agora. As pessoas olharão para ele e pensarão: ele se regalou com três travestis! Três travestis!

Não tenho o menor preconceito contra travestis ou contra quem se relaciona com travestis. Não vejo nenhum problema, por Deus. Mas Ronaldo, ele que já teve Ronaldinhas e Raicas e Danielas Cicarellis, ele que já ganhou uma Copa do Mundo, que já fez gols às centenas, ele que já fez tanto por tantos, ele, agora, por muito tempo, será lembrado tão-somente por esse episódio.

Vou dizer: o mundo é mau.

Há certo tempo, entrou na Redação uma moça deveras formosa. Andava pelo mundo em cima de pernas compridas, que terminavam em nádegas redondas. Aliás, tornou-se célebre, entre os colegas, pela circunferência de suas nádegas.

- São as nádegas mais redondas que já vi! - dizia sempre um dos gaiatos aqui do Esporte.

- O mundo todo - comparava outro - as nádegas dela são o mundo todo. Redondas como o planeta.

Eram, de fato, bem redondas. Mas bem redondas. Todos só falavam naquelas nádegas redondas, até que um amigo nosso, de outra editoria, entabulou um caso com a dita cuja. Foi algo rápido. Porém intenso. Ao cabo do que, ela o abandonou e ele, ressentido, saiu pelo jornal divulgando os hábitos sexuais da moça. Relatou as preferências dela, inclusive uma que deixou a todos… como direi? Enfeitiçados. Isso: ficamos todos enfeitiçados.

- Então ela gosta disso? - perguntavam-se os colegas de Redação.

E, a partir daquele dia, qualquer um que a encontrava, pensava: "Ela gosta daquilo, sim, ela gosta daquilo". Os talentos profissionais da moça, suas nádegas redondas, suas pernas longas, sua simpatia, nada mais vinha em primeiro lugar. Apenas: "Ela gosta daquilo".

Já disse, o mundo é mau.

*Texto publicado hoje na página 59 de Zero Hora.

Textos extraídos do blog do David Coimbra